sábado, 25 de junho de 2011

Mãe...

Fez 19 anos, é tanto tempo, que quase que sinto que sempre vivi assim, cada vez mais as recordações vão desaparecendo e isso deixa-me triste.
Ontem tive que segurar o barco. Sei de cor como é, uma de nós anda sempre mais sensível nesta altura, este ano foi a vez da minha mana.
Como ela chorou, lamentando o facto de a mãe não estar mais connosco, lamentando o facto da mãe não ter conhecido esta nossa vida a de adultas, lamentando o facto de não estares cá para podermos cozinhar para ti, de não te podermos levar a passear e mimar te como tanto merecias.
Eu também lamento se bem que tenho noção que aceitei, rendi-me, com a desculpa do destino, tinha que ser assim.
A ideia que tenho de si, difere em muito com a que o pai transmite, sempre a contar uma história em que dá ênfase à sua fragilidade, insegurança. Como eu tenho a certeza que sempre o enganas-te, pois eras uma mulher com uma grande força, destemida.
Mesmo com os teus problemas de saúde não paravas (essas são as minhas recordações), sempre a trabalhar no campo, para ter muita fartura com um principal intuito distribuir, dar. Íamos para a horta, pelo caminho da vinda para casa ias dando tudo o que tinhas colhido, lindo e muito orgulho.
Recordo tão bem, a força e determinação que tiveste a castigar a mana, via o teu sofrimento todos os dias, a forma como a querias obrigar a ver o melhor caminho para ela e conseguiste, hoje é uma professora de sucesso, tal como sonhavas.
Gostavas que andássemos sempre bonitas, com roupas novas e que fossem da moda, emancipada para o tempo em estávamos e local, uma aldeia onde tudo era criticado, mas não te importavas o orgulho nas tuas filhas ultrapassava tudo.
A mim, não me viste fazer nada, não me acompanhaste em nada, o tempo não deixou, mas tenho as referencias que a mana me vai dizendo. Se soubesses as vezes em que penso que se te tivesse, tudo seria diferente.
Nunca na vida senti inveja de nada, a não ser, quando via as minhas amigas com as mãe e aí tantas vezes que tenho que me desviar e claro admirar, valorizar o que elas têm e eu não. Revolta-me, mas casa vez menos.

Faço de tudo para te honrar, tento ser uma pessoa boa e justa.
Estarás para sempre no meu coração.

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